sábado, 19 de setembro de 2009

Meu pelego velho

Ali, largado num cepo de toco
Um cerne branco, macio e de fina lã
Onde mateio tranquilito no galpão
Esperando a noite se bolear e chegar a manhã

Talvez quem te veja na tua rudeza xucra
Não entenda tua serventia essencial
Se tu não estás ali, não tem montada
E nem quem vença sem ti o duro ritual
A cada encilha cobres o basto pra xiruzada
Amortecer o tranco do bagual

Em tempos passados viste de perto a morte
Em fileiras e trincheiras de tristes batalhas
Muito gaúcho sobre ti caiu sem sorte
E te usou, peleguito, como rude mortalha.

Mas tu me acompanha em horas buenaças
Em tardes de gineteadas e rodeios
Que me sentei em ti esperando a hora
De te puxar e levar junto pros arreios
Nos oriental mostrando a lida campo afora
Riscando malos para garantir meu sustento
Porque sou ginete, agarrado no tento
Honro minha procedência cruzando esporas.